“Método Graham”: é um guia informal para ajudar você a ter debates mais honestos e eficazes na internet.
Indiscutivelmente o número de ataques na internet cresce de forma assustadora, quem nunca passou por uma situação desagradável em uma postagem que “atire a primeira pedra”.
Embora os meios digitais sejam uma ótima ferramenta, eles ainda causam diversos transtornos e na Segurança e Saúde do Trabalho não é diferente.
Com toda certeza as opiniões precisam ser divergentes e é a partir delas que surgem as críticas construtivas, mas atacar a pessoa já é outra história. Não é mesmo?
O que é o “Método Graham”?
Esse método como ficou popularmente conhecido, foi desenvolvido por Paul Graham que é um ensaísta, cientista da computação e investidor britânico.
Ele também está envolvido com o sucesso de várias empresas de tecnologia do Vale do Silício, além de ter feito contribuições teóricas importantes para a ciência da computação.
Mas o seu maior destaque é exatamente o ensaio publicado em 2008 onde define a sua “hierarquia da discordância”.
Que pode ser considerado como um guia prático de como devem ser os debates na internet.
Segundo Graham, as pessoas pelo fato de estarem no ambiente virtual e distantes fisicamente sentem-se encorajadas e protegidas. Logo elas se portam diferentemente do que costumam fazer se estivessem em uma roda de conversa.
A forma irresponsável das discordâncias conforme o
“Método Graham”
O ditado mais certo que ouvimos atualmente é: “Até Jesus não agradou todo mundo”. Então conosco não será diferente. Concorda?
Mas o problema é imensamente maior do que imaginamos, pois os conceitos e ideias expostos raramente chegam a ser ponderados com racionalidade.
As chamadas “zonas de guerra”
Além disso, a transformação dos debates em “zonas de guerra” espalha intolerância, mesquinhez e maldade para um número cada vez maior de pessoas, e isso contribui para uma desmotivação muito grande.
E somente a título de exemplo, eu conheço diversos profissionais de SST que têm um potencial enorme para escreverem artigos e não fazem por medo de represálias.
A hierarquia da discordância conforme “Método Graham”
A pirâmide de Graham consiste em classificar os 7 níveis das críticas e dos argumentos, ou seja, do mais baixo e irracional ao mais alto e consistente.
Ah, e é de extrema importância ratificar que os exemplos de críticas que vou mencionar neste artigo, foram retirados dos nossos canais digitais. Quer conhecer clique aqui?
Além disso, não é nosso intuito atacar ninguém, mas apenas instruir para um debate mais honesto, quer seja virtual ou presencial.
Nível 1: desrespeito e xingamento
Indiscutivelmente este é o nível que mais gera desconforto e desmotivação, pois estampa a intolerância e isso vai da forma mais grosseira até àquelas pretensamente sofisticadas, tais como:
“Que propagandinha de merda eim”!
“Que vergonha! Além de tudo você é um analfabeto ideológico.”
Infelizmente o vocabulário não importa, pois em ambos os casos deixou-se de lado o mérito dos argumentos apresentados e passaram a ser criticadas as características ou comportamentos pessoais do autor.
Nível 2: ad hominem (que vem do latim e quer dizer o argumento contra a pessoa)
Consiste em desviar o foco da proposição para o autor, sem xingamento, mas colocando em dúvida sua isenção ou credibilidade ao opinar sobre o tema. Podemos citar como exemplos:
“Para mim quem defende este tipo de obrigação acessória é só quem vive da venda de palestras e cursos, duvido que alguém que trabalhe no setor do RH defenda o e-social com a mesma “paixão” a qual vc defende.”
Aqui é importante frisar que o uso do ad hominem não implica na correção ou incorreção da ideia da proposição original. O ponto de destaque pode até ser realmente falso, mas atacá-lo com esse nível de discordância não demonstra o erro e nem serve para refutá-lo.
Nível 3: resposta ao tom
Embora nesse nível o autor seja poupado das críticas, ao invés de se dirigirem às ideias, as críticas passam a se dirigir ao texto. Engloba desde erros ortográficos até ataques ao estilo de escrita ou fala. E como exemplos temos:
“ACINDENTES matou a lingua Portuguese”
“Vídeo bom só não ficou melhor por conta dessa musica paia kkk”
Essa forma de discordância também é desonesta pelo fato de nada acrescentar a respeito dos pontos defendidos pelo autor, atacando a forma do discurso e não o seu conteúdo.
Nível 4: contradição
A partir desse nível, passamos a falar de discordâncias que já não são desonestas e podem ou não ter algum potencial de contribuição positiva ao debate. A mais simplória delas é a contradição, que consiste na mera afirmação de uma ideia contrária à do texto original. Assim podemos exemplificar citando:
“O ESocial Doméstico é burocratico sim, não é qualquer cidadão brasileiro que consegue utilizar, se brasileiro não consegue mexer em caixa eletronico, pagar uma conta pela internet, dizer que é facil didático é pura hipocrisia.”
Embora não seja uma forma desonesta de discordar, a contradição raramente contribui com o debate. Sem apresentar argumentos sólidos, a afirmação apenas se posiciona como alternativa à proposição original, sem rebatê-la.
Nível 5: contra-argumento
É uma forma de discordância superior às anteriores, e com maior potencial para afetar positivamente a discussão em alguns casos. Consiste em uma forma mais sofisticada de contradição, onde além de confrontar o conteúdo da proposição original, também são apresentados argumentos sólidos e logicamente sustentáveis como embasamento. Vamos analisar o comentário abaixo:
“PPRA = Programa de Prevenção de Riscos Ambientais. Ou seja, não é riscos do FUNCIONÁRIO e sim do AMBIENTE. Sua plataforma até atende o eSocial, mas não atende a NR vigente”
O problema com esse nível de discordância é que, apesar de apresentar bom embasamento, ele não ataca de fato as afirmações feitas pelo autor original.
Nível 6: refutação
É um nível onde há contribuição real ao debate, e consiste em uma evolução do contra-argumento. Mas agora, atacando um ponto relevante da ideia original e que de fato tenha sido defendido pelo autor.
“Provar a CAPACIDADE e CONHECIMENTO de alguém sobre determinado assunto (a tal “proficiência”) é DIFICÍLIMO! Apenas através de laudos técnicos, geralmente criados em função de um processo judicial, se prova que um profissional, apesar de habilitado, é capaz ou incapaz de executar sua função. “
A refutação derruba uma parte relevante da proposição original. O único problema é que o ponto refutado não é central ao argumento defendido pelo autor, de forma que sua refutação não o rebate completamente.
Nível 7: refutação do ponto central
Esse é o nível máximo de discordância, onde a refutação tem como alvo o ponto central da ideia defendida pelo autor original. Uma vez refutado o ponto central, toda a argumentação precisa ser abandonada ou revista, levando a discussão a níveis cada vez mais altos e gerando aprendizado. Vamos aos comentários abaixo:
“ Depois de Mariana, se tivesse havido uma discussão mais séria, poderíamos ter como resultado o descomissionamento das barragens tipo montante”
“Em suas inúmeras lições, o desastre de Brumadinho deixa muito clara a inseparabilidade das questões do Trabalho e as do Meio Ambiente”
Comentar segundo o nível 7 é objetivo principal do método
“Método Graham”
Então o que podemos considerar que os comentários acima reúnem todos os requisitos desejáveis a uma boa refutação. Visam ao conteúdo da ideia original e não ao seu autor, identificam corretamente os argumentos apresentados e focam seus esforços em atacar especificamente os pontos centrais, apresentando evidências sólidas e independentes.
A importância de se usar o “Método Graham” na SST e na vida
Mesmo que o “Método Graham” seja considerado informal, ele é muito importante e nos direciona a buscar melhorias na maneira em que fazemos as nossas críticas.
Embora os níveis apresentados acima possam causar estranheza e falta de engajamento, a sua aplicação é possível e para isso basta apenas ativar o bom senso.
“Método Graham” uma questão de sobrevivência
Não é novidade que a 4ª Revolução Industrial esteja batendo à porta. E você pode conferir aqui no artigo. Assim não será possível escapar da modernização digital, mas aprender a evoluir é questão de sobrevivência.
Logo as boas maneiras e o respeito devem prevalecer mesmo que as pessoas não estejam lado a lado e sim conectadas. Essa é a essência do
“Método Graham” .
Fontes usadas na pesquisa: Wikipédia e Universo Racionalista
Autora: Maria Lima/Coordenadora de Segurança do trabalho.
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