Neste artigo vamos tratar da radiação ionizante, um tipo de risco físico que gera muitas dúvidas!
Entendendo o conceito de radiação ionizante
Começando pela definição, radiação ionizante é aquela capaz de ionizar um átomo, ou seja, transformá-lo em um íon.
Explicando melhor essa história, um átomo é uma partícula eletricamente neutra, ou seja, não possui carga elétrica.
Já um íon, é uma partícula eletricamente carregada, podendo ser positiva (caso perca elétrons) ou negativa (caso receba elétrons).
Relembrando também a definição de riscos físicos recordaremos que são definidos como as várias formas de energia às quais um trabalhador pode estar exposto durante o exercício do seu trabalho.
A radiação ionizante, portanto, é um tipo de risco físico com energia suficiente para agir sobre um átomo (eletricamente neutro) e transformá-lo em um íon, arrancando-lhe elétrons (cargas negativas).
Aprendendo na prática: exemplos de radiações ionizantes
Agora que já falamos um pouco sobre Química e você já sabe o que é radiação ionizante, certamente você está se perguntando: onde podemos encontrar esse tipo de radiação?
As radiações ionizantes existem sob formas naturais, como as encontradas em raios cósmicos vindos de todas as partes do espaço e também nos radionuclídeos (nuclídeos instáveis emissores de radiação ionizante) encontrados na terra, água e ar.
Existem também as chamadas fontes artificiais de energia ionizante, ou seja, aquelas que são produzidas pelo homem.
Neste grupo, podemos citar como exemplo os aparelhos de Raio-X, exames de imagem (tomografia, mamografia, radiografia), tratamentos de radioterapia e a produção de energia através das usinas nucleares.
Percebe-se a grande aplicação da energia ionizante na Medicina, existindo, inclusive, uma especialidade médica voltada exclusivamente ao uso de radiações, a Radiologia.
Porque a radiação ionizante é considerada um risco?
Devido a sua alta energia e capacidade de ionização de átomos, a radiação ionizante pode causar uma série de efeitos adversos à saúde humana, a depender, é claro, de fatores como tempo, frequência de exposição e intensidade do agente.
Quais seus efeitos sobre o organismo?
Os efeitos da radiação ionizante no organismo podem ainda ser divididos entre agudos, aqueles momentâneos e passageiros e os efeitos crônicos, observados após um período maior de tempo e com duração prolongada.
Exemplos de efeitos agudos da radiação ionizante:
- náuseas;
- fraqueza;
- queimaduras;
- perda de cabelo;
- e diminuição das funções orgânicas (note que estes sintomas são observados em doentes tratados com radiação).
Exemplos de efeitos crônicos da radiação ionizante: uma vez que radiações são capazes de alterar o DNA humano, o desenvolvimento de cânceres pode ser citado como um efeito a longo prazo dessa exposição.
Existe uma Norma Regulamentadora que instrui sobre radiações ionizantes?
Apesar de não existir uma Norma Regulamentadora exclusiva para as radiações ionizantes, este risco é abordado no Anexo V da NR 15 – Atividades e operações insalubres.
Neste anexo, a NR 15 estabelece que os parâmetros para avaliação da exposição às radiações ionizantes são encontrados na Norma CNEN-NN-3.01: Diretrizes Básicas de Proteção Radiológica.
No geral, as medidas de controle adotadas nas situações de trabalho que envolvem radiações ionizantes incluem as seguintes medidas:
- Controle do tempo de exposição ao agente, que deve ser o menor possível (a dose recebida é proporcional ao tempo de exposição);
- Distância: a distância entre o trabalhador e a fonte emissora de radiação ionizante deve ser a maior possível, uma vez que a intensidade da radiação decresce com o quadrado da distância;
- Blindagem: EPI e EPC utilizados para reduzir a quantidade de radiação ionizante que efetivamente chega ao trabalhador.
Podemos concluir, portanto, que as radiações ionizantes podem, ao mesmo tempo, causar danos à saúde humana e agir como fonte de diagnóstico e tratamento para doenças.
Cabe aos profissionais de saúde e segurança do trabalho mitigar os efeitos adversos para que os efeitos benéficos possam ser explorados ao máximo.
Autor: Letícia Mattos / Engenheira de Saúde e Segurança do Trabalho.
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